Importância dos ácidos
graxos essenciais
por
Neuza Sumico Takahashi
A mais recente tendência
nutricional preconiza uma alimentação saudável, com ingestão de muita fibra e
pouca gordura e colesterol. Nesta linha, e associando a mudança do estilo de
vida a hábitos alimentares mais saudáveis, surgiram os alimentos funcionais.
São compostos que, além de nutrir, apresentam propriedades fisiológicas
específicas.
O ser humano, assim como os
demais mamíferos, é capaz de sintetizar certos ácidos graxos saturados e
insaturados, porém essa capacidade é limitada quando se trata de ácidos graxos
poliinsaturados (PUFAs), sem os quais nosso organismo não funciona
adequadamente. Por essa razão, estes ácidos graxos são chamados de “essenciais”
e devem ser incluídos na dieta alimentar.
Os ácidos graxos essenciais para
a alimentação humana são o ácido linolênico (ômega6) e o ácido linoleico
(ômega3). O primeiro está presente em grande quantidade nos óleos de milho e
soja, enquanto o segundo, em vegetais de folhas verdes, no óleo de linhaça e
nos óleos de peixes marinhos. A importância destes ácidos graxos está na sua
capacidade de se transformar em substâncias biologicamente mais ativas, com
funções especiais no equilíbrio homeostático, e em componente estrutural das
membranas celulares e do tecido cerebral e nervoso. A alimentação humana corretamente
balanceada deve atender a uma relação ótima entre ômega6 e ômega3, de 4:1,
porém o ritmo de vida atual muitas vezes não permite uma alimentação rica e bem
combinada, baseada em alimentos criteriosamente selecionados.
Os óleos de muitas espécies de
peixes marinhos são ricos em ácido graxo eicosapentaenóico (EPA) e ácido
docosahexaenóico (DHA), que são as formas longas e insaturadas ativas da série
ômega3, e que podem ser absorvidas diretamente pelos ciclos metabólicos dos
seres humanos. Estes ácidos graxos são produzidos pelas algas marinhas, e
depois transferidos de forma bastante eficiente, através da cadeia alimentar,
para os peixes. Dentre os peixes, aqueles que contêm maior quantidade de EPA e
DHA são os que habitam águas frias, como salmão, truta e bacalhau. Estes
apresentam, além dos ácidos graxos essenciais, proteína de alta qualidade,
ótima digestibilidade e baixo teor calórico. Portanto, são recomendados para
auxiliar na manutenção da sanidade geral, e também para gestantes e lactentes,
pois influem no desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso da criança.
Na atualidade, uma das grandes
preocupações em saúde pública é a elevada mortalidade causada por doenças
cardiovasculares. Estas doenças têm uma etiologia multifatorial, e sua origem
remonta a uma combinação de diversos fatores de risco. Porém, vários destes
fatores de risco podem ser positivamente modificados pela ação de ácidos graxos
essenciais. Dados experimentais (Kromhout et al., 1985) e epidemiológicos
mostram a redução significativa da mortalidade por doenças coronarianas,
confirmando a atividade cardioprotetora do EPA e DHA. Portanto, é bastante
recomendável, numa orientação dietética, prescrever a ingestão de uma ou duas
porções de peixe por semana.
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