Neurodidática
O
Cérebro e o Processo de aprendizagem em Rede
Segundo a neurociência, o cérebro é uma rede complexa de
100bilhões de neurônios com cerca de 100 trilhões de conexões que desencadeia
todas as ações humanas, físicas, sejam emocionais, mentais e espirituais.
O período de maturação dos neurônios ocorre entre 0 -3 anos
e amadurecem sobretudo até os 10 anos, aumentando as sinapses até a
adolescência. Até os 30 anos, essas sinapses se desenvolvem em ritmo mais
lento, de acordo com as condições e a estimulação dos neurônios até o final da
vida.
Assim, o cérebro se altera quando aprende algo, ou seja,
quando compreende e sabe fazer.
É importante que os pais e
professores saibam que o cérebro funciona em rede, com áreas e funções
responsáveis pelas percepções e sensações, pela memória, pelas emoções, pela
linguagem e todas as ações internas e externas. Essas conexões serão mais eficientes
e duradoras se forem compreendidas e relacionadas às experiências e aos
conhecimentos de quem aprende, ou seja, de acordo com os interesses e a
condição do aprendiz . Quanto mais a criança experimentar, manipular, realizar
ações concretas, melhor serão construídos os conceitos necessários à
compreensão e expressão de idéias,, sequência lógica,relações de causa e
feitos, de lugar; tempo; finalidade etc.
E isto se comprova nas
cartografias cerebrais produzidas por Wilder Penfield. Ele mostra que nos 2 hemisférios
do cérebro predominam as áreas das mãos, pés,boca: a manipulação e as
atividades psicomotoras são imprescindíveis no desenvolvimento do cérebro e
para a aquisição da língua, dos conceitos e conteúdos a serem aprendidos .
As descobertas sobre neurônios espelho e os neurônios grade confirmam que a
imitação de modelos e a compreensão do espaço-tempo são as bases da
aprendizagem.Por isso, desde a infância de acordo com o amadurecimento
psico-físico da criança, devem ser priorizadas as imitações de hábitos da vida
diária, de descobertas com jogos,estórias,dramatizações, etc.
Pela imitação a criança
estabelece as semelhanças e diferenças em si, nos objetos e no mundo; assimila
os hábitos de higiene, as atividades de vida diária ( sono, repouso, alimentação
etc) e incorpora regras de comportamento. Isto é essencial para a formação de
sua identidade e o desenvolvimento sócio-emocional harmonioso. A imitação
regular e adequada ; as atividades de localizações , a organização do espaço,
favorecem a memória significativa e o desenvolvimento mental: não há uma
verdadeira aprendizagem sem uma boa memória. Para isto , é necessário uma
estimulação integrada,regular e motivadora das percepções, sensações,da memória
e da linguagem, pois estas funções do cérebro estão em áreas e locais
diferentes e ainda são pouco conhecidos. Por exemplo: a linguagem apresenta
várias áreas nos 2 hemisférios,( mais ou menos 60 ) e há áreas específicas para
a fala; para a leitura; para a prosódia ( correspondência/fala); para a sintática
( organização das frases); para a escrita ( correspondência fonema/grafema);
para a morfologia e para a ortografia ( escolha da letra certa) e para a
semântica (significado das palavras). Nas pesquisas, ficou demonstrado que a
função semântica preside as outras, ou seja, é preciso compreender para falar,
escrever,ler ou realizar com sucesso qualquer operação cognitiva e
comportamento.
Sistematicamente devem ser
estimuladas as conexões entre os neurônios onde os estímulos elétricos
facilitados pelo interesse e ação motivadora de quem aprende.
Segundo a neurociência o interesse desencadeia vários
neurotransmissores que mantêm e estimula a aprendizagem Os mais importantes
são:
- Serotonina – produz a sensação de prazer e interesse e mantém o
esforço necessário para aprender cada
vez mais.
- Dopamina – mantém a atenção e a concentração.
- Endorfinas – mantém a alegria e o bem-estar proporcionado pela
aprendizagem, além de ajudar na
superação das frustrações e sofrimentos.
Para que tais conexões ocorram
com sucesso é necessário que o cérebro possa ser alimentado pelo oxigênio
(respiração) e a glicose (nível físico)..
O alimento cognitivo se constitui
na disciplina da atenção e concentração estimulando e mantendo a percepção,
memória e raciocínio Este é o trabalho pedagógico do Ioga Integral na Educação
- a essência do Projeto MELP. Os Centros
de Interesse são projetos que oferecem desafios, problemas e conhecimentos
adequados à idade e interesse do aprendiz.
De acordo com a neurociência o
Ensino Básico deveria se estruturar em 2 eixos:
1º- Desenvolver na criança a
capacidade de representação, recreação e manutenção do que aprendeu, pela
educação dos sentidos, da memória, percepção, atenção etc, pelo uso de várias
linguagens e pela integração das atividades.
2º- Desenvolver a capacidade de abstração (formar conceitos)
e desenvolver as funções cognitivas, tais como: compreensão / discriminação
/ reconhecimento / simbolização /
generalização /transferência / adaptação /a modificação / substituição /
criação / ,etc - um processo de
construção da aprendizagem por estruturas.
A ação pedagógica deverá,
pois, articular estruturalmente as áreas
essenciais do desenvolvimento humano dosando a psicomotricidade ( mais de 1 a 6 anos); a linguagem (+ de 6 a 8 anos); a representação
(de 8 a 11 anos) e a conceituação
(de 11 a 15 anos).
Isto que é realizar a verdadeira educação de qualidade,
abrindo todas as potencialidades de um Ser Humano livre e feliz.
O cérebro e as fases do
pensamento infantil
1º - O cérebro tem mais de 100
bilhões de neurônios ( no nascimento); há
redução devido a adaptação;desuso ou danos cerebrais e crescimento ou
diversificação pelo estímulo do meio ambiente.
2º - O cérebro se altera quando
prende algo, compreende e sabe fazer: O desenvolvimento é mais forte nos
primeiros anos ( de 0 a + ou – 10 anos).
3º - A estimulação do cérebro e
da aprendizagem será mais eficiente, se for regular, sistematizada e em rede.
Isso só pode ocorrer pela educação (repetição, organização e reorganização
sistematizada de atividades, informações e recursos, de acordo com nível e interesses do aprendiz.
4º - O cérebro aprende sempre por associações: em 1º lugar por
semelhanças (igual a, parece com, etc.) e depois por diferenças (aparência,
som, cor, uso,etc.) Esta é a base da formação dos conceitos: o que é? como
é? com que se parece? Para que serve? como? Quando? por que? onde ? com que?
Etc.
5º - Esses conceitos são
aprendidos pela manipulação; pela percepção; vivência e
comunicação;compreensão; interpretação que produzem a modificação progressiva
das sinapses e conexões do cérebro, utilizando mais as mãos, pés e boca:
cartografias cerebrais mostram que os dois hemisférios apresentam mais áreas
motoras das mãos, pés e da boca.(Wilder
Penfield).
6º - Essas conexões se
estabelecem pela circulação progressiva dos tipos de conhecimento: de acordo
com as fases de desenvolvimento
cognitivo ( Jean Piaget):
De 1 a 3 anos ( pensamento sensório-motor) maior estimulação dos sentidos e das percepções do
mundo (pegar/cheirar, puxar/empurrar,etc ) , através da imitação
(neurônio-espelho).
De 3 a 6anos ( pensamento pré-operatório) coordenação dos
movimentos globais e específicos utilizando mãos, pés e boca na formação dos
conceitos básicos com jogos, desenhos , brinquedos (
correr,pular,subir,descer,por, tirar, dar, pedir etc) iniciando a socialização
e a linguagem pela imaginação e vivências.
De 6 a + ou – 10 anos ( pensamento operatório concreto)
maior coordenação, diversificação e articulação dos movimentos globais e
específicos, com o controle, destreza, rapidez e precisão das mãos, pés e boca
através de jogos, brincadeiras, dramatizações, cantigas, rimas, histórias,etc.
É a fase da apropriação da língua pela alfabetização e pelo progressivo domínio da linguagem – essenciais para a expressão do pensamento. Permitindo o uso e consolidação dos conceitos
básicos nas áreas de conhecimento(linguagem,ciências e matemática,sociedade,
etc).
De 11 a + ou – 16 anos (operações formais) formação e uso de
conceitos e relações abstratas (
classificação,seleção, organização, previsão,generalização,análise, síntese,
aplicação de regras e princípios) utilizando a linguagem e as lógica
matemática nas percepções físicas e mentais para manipular, compreender ,
modificar e expressar situações, fatos, informações, textos, etc.
Organizando, avaliando e
demonstrando com lógica, propriedade e beleza.
O Cérebro e a
Linguagem
A linguagem e a formação de
conceitos : Como pensamos?
O pensamento e a linguagem se
formam e se desenvolvem basicamente pela articulação das áreas e funções do
cérebro integradas às áreas de linguagem: tudo
o que é pensável depende do uso de uma linguagem, em suas diversas formas de
expressão: é isto que caracteriza uma determinada cultura e sua evolução. Daí,
a importância do trabalho educacional para estimular tais conexões que se dão
em rede e tem uma complexidade, ainda não desvendada pela ciência atual.
Entretanto, podemos dizer que no
ensino da língua como suporte para este desenvolvimento é essencial: quanto
melhor a aprendizagem da língua maior será a riqueza vocabular e conceitual,
maior o desenvolvimento cognitivo e consequentemente, melhor aprendizagem. Ora,
a aprendizagem da língua é complexa e depende de diversas áreas/funções do
cérebro que resultam na organização lógica do pensamento. Assim, a linguagem é
elaborada por associação/estruturação dinâmica dos símbolos logicamente
ordenados e socialmente compartilhados pela linguagem oral e escrita, verbal ou
não verbal. Por isso é necessário que haja um trabalho sistematizado e regular
no ensino da língua para desenvolver
as estruturas neuronais das áreas do cérebro que coordenam , integram ,
compensam, combinam, guardam ou excluem progressivamente várias redes de
percepções, reações e ações de acordo com o maior ou menor significado (aspecto
semântico); maiores e melhores lembranças.
Desse modo qualquer aprendizagem
significativa dinamiza uma rede de neurônios em funções (linguagem, audição,
tato , olfato, visão , movimentos, sensações etc) que se integram em áreas de
associações de interpretação que produzem comportamentos, garantem a
compreensão , e consequentemente, a memorização ativa e a aprendizagem.
É necessário a estimulação
integrada, regular e motivadora, com vários recursos concretos e atividades lúdicas na fase
inicial, + ou – até os 7 anos, dosando aos poucos recursos semi concretos e
representativos, de acordo com os
interesses da criança.
Assim, as conexões amadurecem e
desenvolvem mais nos primeiros anos até a adolescência.
Quanto mais situações concretas e
sistematizadas ocorram, utilizando o
corpo, mais efetiva será a aprendizagem: os mapas cerebrais mostram no cérebro,
a predominância relevante das áreas das mãos,
pés e boca nos 2 hemisférios : o aprender a fazer ativa ainda mais o
cérebro – é ele quem vê, fala, ouve, movimenta-se, compreende e faz.
Segundo a neurociência, a
estrutura genética fornece apenas o equipamento básico do corpo e da mente – as
interações com o meio é que desenvolvem e mudam a configuração do cérebro. Isso
será mais intenso nos primeiros anos até a adolescência e continua por toda a
vida, desde que haja uma regularidade na educação dos sentidos, na respiração
consciente. Assim, as atividades de percepção
visual, auditiva, tátil e olfativa, com música, ritmo e todas as formas de
expressão artística, devem constituir um programa para formar hábitos saudáveis
de vida e de estudo pois melhora a aprendizagem e a auto estima, facilitando a
assimilação de conceitos; a generalização e a aplicação dos conhecimentos pelo
uso competente da linguagem e de outras formas de expressão.
Por outro lado também há
várias áreas de linguagem nos 2 hemisférios,( mais ou menos 60), e
áreas especificas para a fala ( linguagem
oral); a prosódia ( correspondência
escrita/fala); para leitura; a sintática(organização das frases) e
a semântica ( significado das palavras/frases) bem como a
morfologia e a ortografia.Segundo a neurociência é a aprendizagem
semântica que aciona os neurotransmissores ( elementos químicos segregados
pelos neurônios e pelas glândulas endócrinas). Eles estabelecem as conexões
entre os neurônios que fortalecidas, produzem a dopamina ( mais facilidade e desejo de aprender); a serotonina ( + alegria) e as endorfinas ( mais bem estar e saúde).
Daí, melhor desenvolvimento da atenção, assimilação e aplicação do que é
aprendido, além da autodisciplina e interesse progressivo em saber mais.
A linguagem é pois “ uma produção
humana voltada para o mundo exterior (conjunto de símbolos corretamente
ordenados difundido para fora do organismo) e representação intracerebral
desses símbolos e regras para associá-los. O cérebro representa a linguagem e
qualquer outro objeto da mesma forma”,
diz o prof. Antonio Damásio – Revista Mente e cérebro – especial Percepção
(pag22).
Isso significaria para nós, que é
necessário um trabalho metodológico sistematizado,para ativar e articular essas
áreas do cérebro, sempre referidas ao interesse e necessidades da criança bem como
ao seu nível de desenvolvimento.Consequentemente, o ensino da leitura e da
aquisição da língua materna precisa realizar esse trabalho que,sem dúvida,
interfere na produção de conceitos e
generalizações necessárias ao raciocínio lógico. È o que confirma Vygotsky,
quando diz que toda palavra é uma generalização, ou seja, contém conceitos que
precisam ser compreendidos para que sejam assimilados.
Como se articulam as áreas do cérebro
A complexidade e a importância
dessas relações tem sido objeto da neurociência cujos mecanismos estão sendo
estudados e ainda não são totalmente conhecidos. É o que acredita o professor
Antonio Damásio quando mostra a interação de três conjuntos de estruturas
neuronais: “ o primeiro conjunto é
composto de numerosos sistemas neuronais dos dois hemisférios: representa
interações não lingüísticas entre o corpo e o seu meio, percebido por diversos
sistemas sensoriais e motores” (idem pag. 24). Esse conjunto forja uma representação de tudo, o que uma pessoa faz, pensa ou
sente: a forma, a cor, a sucessão no tempo ou a importância emocional, criando
representações de nível superior pelas quais gera os resultados dessa
classificação. Continua Damásio “ Assim, ordenamos intelectualmente objetos, eventos
e relações. Os níveis sucessivos de categorias e representações simbólicas
produzidos pelo cérebro nossa capacidade de abstração e metáfora.” (id.ibd).
Esse sistema de percepções
sensoriais e motoras constituem a área associativa
primária com maior ou menor representação do que a criança vê, ouve sente e
faz. Isto acontece pela ativação dos neurônios-espelho
( imitação de gestos, comportamentos, emoções e movimentos) e dos neurônios grade ( percepção de espaço e
tempo: localização, posição, direção, duração etc).
Então é necessário repetição dos estímulos e das situações, para
que haja discriminação e reconhecimento, o que vai levar à formação de
conceitos , de classe, tempo,lugar, posição, duração, quantidade, etc – básicos
para a construção do conhecimento em todas as áreas e internalização dos
conceitos.
Esse é o trabalho essencial na
área da Educação Infantil e series iniciais do Ensino Básico na educação dos sentidos, ou seja, associar um conceito a imagens,
sons,experiências positivas o que vai
levar a maior retenção e a generalização para outros conceitos. Isto produzirá
mudanças químicas nas sinapses, por seleção, acolhimento e reconstrução das
informações recebidas através de estímulos e interações ambientais.
O segundo,” um conjunto menor de estruturas neuronais, geralmente
situadas no hemisfério esquerdo, representa os fonemas, suas combinações e as
regras sintáticas de ordenação das palavras em frases. Quando solicitados pelo
cérebro, esses sistemas reúnem palavras em frases destinadas a ser ditas ou escritas, se
demandados em reação a um estimulo lingüístico externo (uma palavra ouvida ou
um texto lido) asseguram os processamentos iniciais das palavras e frases
percebidas “(id.ibidem). nesse conjunto ocorrem provavelmente as associações secundárias,
resultantes da compreensão e
interpretação das representações das palavras e frases, através da configuração
visual e auditiva, o que precisa ser feito sobretudo
na fase da alfabetização ou
aquisição de conceitos novos, pois o cérebro busca as informações semelhantes
ao estimulo para identificá-lo e expressá-lo. Sendo o nosso foco a questão da
alfabetização, essas relações precisam ser sistematicamente repetidas para
fixação da aprendizagem e internalização dos conceitos e uso competente em outras
situações. Isto é fundamental para a leitura fluente e compreensiva, o que
depende do hábito da leitura oral e da leitura silenciosa realizada
diariamente.
O terceiro conjunto “também presente no hemisfério esquerdo, coordena
os dois primeiros. Produz palavras a partir de um conceito ou conceitos a
partir de uma palavra.” (idem ,ibidem).
Os jogos de linguagem, as
adivinhações, os desafios, os problemas, etc, são fontes para o exercício das
associações terciárias e, daí, para generalizações e abstrações cada vez mais amplas.
Um currículo nas fases iniciais
deve caracterizar-se por todas as formas
de conhecimento e de expressão:as atividades lúdicas, as histórias, as
músicas, as danças, tornam-se meios de
construção da personalidade do desenvolvimento das estruturas cognitivas e do
avanço nas relações interpessoais, no conhecimento lógico- matemático , na
representação do mundo e no desenvolvimento da linguagem, da leitura e da
escrita.
Embora a aprendizagem jamais
tenha fim, as bases do saber são lançadas já na infância: quando a escola dá à criança os estímulos
intelectuais que o cérebro precisa, as capacidades mentais pode se desenvolver
melhor- e aprender se torna fácil. Em
especial a pré-escola até as quatro primeiras séries, os pedagogos deve
oferecer estímulos em abundância e que sejam sempre associados a situações de
alegria, de novidade e sucesso.
“Curiosidade, interesse, alegria
e motivação são os pré-requisitos necessários ao aprendizado do que quer que
seja. São essas condições que os sistemas educacionais deveriam criar,
estimular e consolidar – aliás, não só no ensino fundamental mas já antes dele
. Todo ser humano quer aprender a vida inteira , desde o momento em que nasce
”, diz Gerhard Friedrich, doutor em Pedagogia ( Mente e cérebro- especial como
o cérebro aprende pág. 11)
Para isto, é preciso alimentar o
cérebro todos os dias. Como? Os iogues e todos que lidam com a saúde, sabem que
a respiração correta e os hábitos saudáveis de alimentação, sono e repouso bem
como as atividades físicas desenvolvem o corpo e a mente ativando as
capacidades de concentração e atenção para aprender melhor e tornar-se um Ser
integral.
Tais procedimentos produzirão sem
dúvida, as condições para a expressão
criadora – a organização e expressão de todas as formas de manifestação
humana de uma cultura.
Bibliografia:
Andrade,
Alexandrino ET alli – Desenvolvimento Motor, a maturação das
áreas corticais e a atenção na
aprendizagem motora. Revista Digital. Buenos Aires nº 78.
Apostilas:
1- Bases fisiológicas do comportamento e da cognição.
2- Raciocínio e aprendizagem
3- Educação dos sentidos e
aprendizagem
4- Aprendizagem por conceitos
5- Formação de conceitos
6- Formação de conceitos –
tipos de conhecimento
7- Inteligência – concepção
8- Desenvolvimento e
aprendizagem
9- Sala de aula e pensamento
10- Operações de pensamento
11- Mapas conceituais
Bassedas, Huguet & Sole –
Aprender e ensinar na Educação Infantil. Pág 20 a 31. Ed. Objetiva. São Paulo 2008
Damasceno, Benito – A mente humana –abordagem
neuropsicológica. Revista Multiciência
UNICAMP – Campinas .2004
Damasceno, Benito – Os processos
neurológicos da formação de significados in
Fundamentos estéticos da Educação. Ed. Cortez. Rio de Janeiro 1981.
Damásio, A – O mistério da
consciência. São Paulo. Cia das Letras.
2002.
Damásio, A e Damásio, Hanna- O
cérebro e a linguagem. Revista Mente e cérebro especial Percepção pág 22 a 29.
Editora Duetto – Revista Mente do
Bebê 1,2,3 e 4. Edição especial –Sã0 Paulo. 2005.
---------------- Revista Mente e
cérebro – Doenças do cérebro. São
Paulo. 2008
Fontana, Rosely e Cruz Nazaré –
Psicologia e Trabalho Pedagógico. Ed. Atheneu. 2005
Khalsa, Dharma – A longevidade do
cérebro. Ed.Objetivo. São Paulo1997
Leloulch, Jean – Desenvolvimento
Psicomotor - de 0 a 3 anos Cap. 2 e 3
Moura, Ezio – Biologia
Educacional. Ed Moderna. São Paulo 1991.
Piaget, Jean – Nascimento da
Inteligência na Criança. Ed Guanabara. Rio de Janeiro 1987
-------------- - A formação
social da mente. Ed Guanabara. Rio de
Janeiro. 2005.
-------------- Linguagem e
Pensamento da criança. Ed. Fonte de cultura. Rio de Janeiro. 1973.
Raths,Louis ET alli – Ensinar a
pensar EPU São Paulo 1977.
Silva,Ana Beatriz – Mentes
Inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas ,impulsivas e hiperativas. Ed. Gente São Paulo
2003.
Tomaz, T. – Memórias e emoções –
Ciência Hoje nº83 São Paulo Agosto 1992.
Segundo os
pesquisadores, os neurônios-espelho são essenciais na vida humana para realizar
atividades diárias através da imitação. Também os neurônios-espelho estão relacionados á capacidade de sentir o que o
outro sente e de perceber a intencionalidade do outro. É necessária, desde o
nascimento, a formação de hábitos, higiene, regularidades no dia-a-dia, além da
imitação sistematizada, o brinquedo, o faz-de-conta pode ser estimulação para
os neurônios-espelho, desde o andar
até o lidar com objetos e pessoas.
Ao portador de TDAH é necessário
um trabalho mais intenso e sistematizado de ações positivas de outrem, de
avaliações de seus atos; das regras estabelecidas, para que ele consiga
espelhar-se no outro e começar a repensar e agir de uma forma mais positiva o
que irá estimulá-lo a repetir esse comportamento.
Os neurônios-espelho são células
especializada, distribuídas por todo o cérebro, cuja função é determinar a outros
neurônios e os órgãos que realizam as ações como os músculos e o coração; as
mãos enfim o corpo para repetir comportamentos.
Em consequência do processamento de
uma fantástica quantidade de informações, a atividade integrada dos neurônios
determina e modula o comportamento dos indivíduos e isto ocorre pela repetição
de atos e situações agradáveis e necessárias à sobrevivência. Por outro lado, os neurônios-espelho contribuem na estruturação da memória, que sem
dúvida, guarda o que é mais significativo.
Na medida em que haja atividades
organizadas de acordo com a idade da criança, com jogos educativos,
dramatizações, danças etc, como parte do currículo escolar, será possível
estimular os neurônios-espelho de
modo positivo, o que normalmente, não ocorre no ambiente escolar.
OS NEURÔNIOS-GRADE E O
TDAH
Por outro lado, os neurônios-grade são
uma das últimas descobertas que junto aos neurônios-espelho
poderão ajudar o TDAH a reorganizar-se. Os neurônios-grade localizam-se no córtex
entorrinal e registram continuamente o deslocamento espacial do organismo e
repassam essas informações ao hipocampo,
o que dá à memória uma dimensão espaço-temporal. Cada neurônio-grade projeta virtualmente no ambiente uma estrutura
reticulada de triângulos perfeitamente eqüiláteros cujos vértices são sensíveis
ao deslocamento. Essas células não recebem informação sensorial alguma.
Segundo pesquisas dos
neurocientistas John O’keefe e Jonathan Dostrosvsky,ambos da Universidade de
Londres, o hipocampo seria o lócus neural de um “mapa cognitivo” do ambiente,
uma idéia retomada de Tolman. As células de localização organizariam vários
aspectos da experiência do ponto de vista espacial, codificando os eventos de
maneira que as memórias recuperadas tenham uma dimensão espaço-temporal. O
hipocampo fornece um contexto espacial vital para a memória episódica.
Assim, qualquer de nossas lembranças
ocupa algum ponto da linha de tempo, cruzado por uma coordenada no espaço, o
que é mais uma forma de tornar cada momento único no sistema mnêmico de cada
um. Assim, os conceitos de espaço-tempo são estruturados, através da ativação
dos neurônios-grade. Ou seja, é necessário que haja regularidade nessa
ativação, em atividades e vivências na escola e em casa. O aluno deve ser
estimulado a organizar seus objetos, usar o espaço de sala, da escola, de casa,
de modo adequado. E estes são os maiores problemas do TDA/H que, geralmente, são
desorganizados no agir, pensar e falar, como já foi dito anteriormente.
Estudar os neurônios-grade
ajuda a entender como indivíduos TDA/H organizam objetos, espaços, ações e os
relacionamentos interpessoais. O seu jeito de agir é caótico e está relacionada,
provavelmente, a interferência desorganizada e devastadora das emoções através
da adrenalina e neurotransmissores que determinam um comportamento impulsivo. O
processo ensino-aprendizagem é afetado, provavelmente, devido à incapacidade em
manter a atenção por determinado e realizar e avaliar atividades, em sala e em
casa, de modo organizado e sistemático. É necessário que os alunos com TDA/H
tenham espaços com nomes, informações, figuras, atividades lúdicas e jogos com
tempo determinado, área demarcada, gestos e movimentos bem definidos. A estimulação regular dos neurônios-grade
poderá favorecer a inteligência espacial e os potenciais decorrentes, o
gosto pela matemática, pela dança, por atividades desafiantes.
A afetividade é um vínculo
importantíssimo para garantir a estruturação dos neurônios-espelho e dos
neurônios-grade. Isto ocorre desde o nascimento, nas relações físicas e
químicas com a mãe, na escola e nas relações com outras pessoas. O carinho, o
afeto, o acolhimento são essenciais para configurar o que a criança considera
significativo para aprender e reter. O professor representará, na escola, esse
vínculo significativo nas atividades e rotinas diárias, envolvendo situações de
prazer e alegria e de aprendizagens. Isso é aprender.
De acordo com WALLON (1995), o grande desafio do professor é
enxergar seu aluno em sua totalidade e concretude, além dos potenciais que ele,
professor, tem a missão de estimular.
Afetividade refere-se à capacidade, á disposição do ser
humano de ser afetado pelo mundo externo/interno por sensações ligadas a
tonalidades agradáveis ou desagradáveis. A teoria aponta três momentos
marcantes, sucessivos na evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão.
Os três resultam de fatores orgânicos e sociais e correspondem a configurações
diferentes. Na emoção há predomínio da ativação fisiológica; no sentimento da
ativação representacional; na paixão da ativação do autocontrole. É necessário
um trabalho metódico e bem organizado para que essas dimensões se estruturem na
criança e construa a sua personalidade.
Para OLIVEIRA (2005), o elogio é uma forma de afetividade que
ajuda a despertar no aluno a sua auto-estima e o gosto em aprender. Seja em público
ou em particular, o elogio desperta na criança um sentimento de potencialidade
e de aceitação. Isso pode e deve acontecer em todas as situações na escola e
provavelmente, fará com que o aluno se envolva cada vez mais nas atividades
escolares diminuindo a indisciplina na sala. Ao reconhecer este fato, os
professores poderiam passar a valorizar e destacar, de maneira sutil, por meio
de elogios, mas sem comparações aos alunos atentos e participativos como forma
de despertar na turma as vantagens de ser “bem comportado”. A afetividade torna-se, então, uma forma de ensinar com
amor e responsabilidade.
A RESPIRAÇÃO, O
RELAXAMENTO PARA O TDA/H
As crianças com TDAH precisam tanto
quanto os adultos de uma ajuda para aprenderem a relaxar porque elas enrijecem
seus músculos, ficam tensas, sofrem dores de cabeça e de barriga, sentem-se
cansadas ou irritadas. A tensão física e emocional às
vezes se manifesta através de comportamento que, à primeira vista, parece
irracional. As atividades de respiração e relaxamento, segundo a neurociência,
regula a frequência das ondas cerebrais e acalmam os impulsos elétricos . Então
a dopamina e a serotonina produzem o bem estar necessário para manter qualquer
atividade. A criança com TDA/H não consegue aliviar a tensão e nem expressar a
fonte de sua tensão. Oferecer oportunidades para que as crianças relaxem em
sala de aula é uma estratégia vital para
prevenir o transtorno; irrigar o cérebro e favorecer o equilíbrio neuro químico.
Exemplo: Finja que você
é um boneco de neve. Algumas crianças fizeram você e agora o deixaram aí
parado, sozinho. Você tem cabeça, corpo, dois braços que saem retos e as suas
pernas são sólidos. Amanhã está linda, o sol está brilhando. Em breve o sol
fica tão quente que você sente que está se derretendo. Primeiro, é a sua cabeça
que derrete, depois um braço, depois o
outro. Gradualmente, pouco a pouco, o corpo começa a derreter. Agora só restam
os seus pés, e eles começam a derreter. Em pouco tempo você é só uma poça de
água no chão.
Antes das atividades mais exigentes podemos pedir-lhes
que fechem os olhos e respirem algumas vezes profundamente, deixando sair sons
enquanto expiram; e abram os olhos vagarosamente. Pode-se completar o exercício
convidando-os a olharem em volta e
estabelecerem contato de olhar com as outras crianças.
As técnicas de relaxamento são
adequadas para crianças com TDA/H, pois tomam regular a estimulação cerebral
afetiva, cognitiva e motora. Assim, todas os dias, o corpo, o cérebro e as
emoções são condicionadas a desencadear, produzir determinados comportamentos
que são agradáveis e significativos para as crianças. Por meio de relaxamento e
utilizando a musica, o ritmo, as artes, poderemos levar a criança a descobrir
novos interesses e novas possibilidades. Quando ela se acostumar a relaxar,
poderá fazê-lo em qualquer lugar e a
qualquer momento, bastando algumas respirações profundas e uma rápida
visualização de todo o corpo, enviando-lhe um comando de relaxamento. O
organismo acostuma-se a obedecer nossas ordens
mentais, como já visto nos neurônios-espelho
e neurônios-grade.
O TRABALHO
PEDAGÓGICO E A ESTIMULAÇÃO DO TDA/H
As conseqüências positivas e
negativas são as ferramentas mais eficazes para o manejo do comportamento tanto
em sala de aula como em casa, sob a condição de um trabalho pedagógico que
utilize todos os aspectos envolvidos naquela aprendizagem. Assim, o elogio, as recompensas
devem estar relacionadas aos procedimentos, atitudes ou respostas dadas naquela
situação e isso só será possível no trabalho escolar que tenha regularidades,
desafios, inovação e que seja interessante. Considerando as pesquisas
com os neurônios-espelho e neurônios-grade e suas possibilidades
de uso na educação de crianças:
- as atividades devem ser regulares
e completas com princípio, meio e fim;
- ordens e procedimentos devem ser
claros e bem definidos em todas as atividades;
-regularidades e organização das
atividades diárias, da rotina, dos hábitos, das atividades em grupo;
- organização dos objetos (sala,
alunos), da escola e do tempo escolar
(atividades intra e extra
classe);
- ter regras claras e bem definidas,
compartilhando as normas com os alunos;
-estimular positivas de valores
comportamentais, estudos, ações, imitação de
modelos, de modelos, heróis ,
pessoas da comunidade, figuras ilustres;
- organizar o trabalho pedagógico nas vivências humanas, atividades psicomotoras, textos e todas as
formas necessárias para entender qualquer conteúdo
de acordo com a fase de desenvolvimento;
-elogios e outras formas de atenção,
como um sorriso, um sinal com a cabeça ou
um tapinha nas costas, são ferramentas básicas que os professores têm à disposição para auxiliar no dia-a-dia
perante os alunos TDA/H.
Isso é essencial, ainda na Educação
Infantil, para consolidar as memórias que são enviadas ao hipocampo – onde
ficam as memórias de longo prazo. Por isso, a ativação dos neurônios-espelho e
dos neurônios-grade é o caminho do ensino ás crianças que apresentam
dificuldades de aprendizagem e TDA/H.
De acordo com OLIVEIRA (2005), apesar da boa intenção dos
autores que defendem o fim do autoritarismo, da coerção, e da submissão do
aluno e que preconizam uma educação
libertadora que valorize a autodisciplina, tornando o aluno participativo,
consciente, responsável, crítico etc , estas teorias – a abordagem do
desenvolvimento sócio-interacionista, o construtivismo etc, mesmo representando
um grande avanço para a educação , muitas vezes, foram e ainda são mal
interpretadas por parte de alguns educadores. Essa má interpretação causou
grandes deturpações no atendimento do processo ensino-aprendizagem,
principalmente no que se refere ao papel
do professor. Alguns professores, não
tendo clareza dessas propostas, entendem que segundo as novas abordagens devem
deixar os alunos à vontade em sala de aula e adotam atitudes, na sua prática
pedagógica, que acabam resultando em indisciplina. Um exemplo dessa má
interpretação de abordagens é quando ouvimos de alguns professores que, no
construtivismo, não se pode corrigir os erros das crianças, que elas podem
fazer o que querem em sala de aula porque irão aprender por si só, conforme seu
interesse e sua experiência. Dessa forma o professor, equivocadamente abre mão
de uma autoridade benéfica que deveria exercer em sala de aula, em prol de um
pseudo facilitador das descobertas.
“Todas
as possibilidades do mundo no homem estão esperando como a árvore espera em sua
semente.”
Sri Aurobindo - ashram trust
O
cérebro em nível físico é instrumento privilegiado da mente para expressar-se e
desenvolver-se. Assim, desde a Antiguidade, filósofos, artistas e cientistas
formularam teorias e concepções relacionadas ao seu desenvolvimento,
características e importância na vida humana, bem como as relações mente e
corpo. “Mente sã em corpo”. É uma máxima que fundamenta a visão da saúde como
resultado do equilíbrio mente e corpo.
Nos
estudos iniciais do cérebro ele foi dividido em lobos onde se localizariam as
funções superiores do Homem. Assim, a área do lobo temporal esquerdo seria
responsável pela compreensão da linguagem. Acreditava-se que todos os destros e
30% dos canhotos utilizariam apenas o hemisfério esquerdo no desempenho das
funções linguísticas.
Após
pesquisas detalhadas em pacientes com déficit de linguagem ou lesão cerebral,
os linguistas descobriram que as funções da linguagem se espalham por uma área
grande do córtex e regiões subcorticais e parte superior do tálamo. É bastante
provável que a fala, assim como a compreensão da linguagem ativem complexas
redes de diferentes regiões cerebrais e não apenas o hemisfério esquerdo.
O
desenvolvimento das técnicas de imageamento do cérebro permitiu examinar uma
pessoa enquanto executa uma tarefa; investigar o local onde as ações são
registradas e ainda como as áreas cerebrais responsáveis pela linguagem se
relacionam desde a vida pré-natal.
Por
exemplo, para saber onde fica a área da sintaxe (construção de frases); a
semântica (significado das palavras) e a prosódia (melodia do discurso),
estudiosos recorreram à ressonância magnética funcional que registra a
atividade dos neurônios e as alterações de concentração de oxigênio no cérebro. Foi medida a atividade cerebral de
voluntários enquanto ouviam frases corretas e outras que continham palavras com
significado absurdo ou frase com erro sintático ou gramatical. Observaram-se
então as áreas que registravam o significado das palavras em que nas frases incorretas
e frases absurdas havia mudanças na atividade neuronal.
Ao
ouvirmos a língua falada o cérebro desempenha a analise acústico-fonética das
palavras (o que é; parece com que?; qual o significado?; qual a imagem? etc).
Depois ele separa as informações no hemisfério esquerdo, nas partes
superficiais do lobo temporal e as regiões profundas do lobo frontal analisam
primeiro as categorias de palavras (leitura). O sistema de reconhecimento da
linguagem assimila a estrutura sintática e em seguida veem a informações
semânticas em frases (escrita).
No
hemisfério direito é elaborada a informação prosódica sobre a sequência dos
sons: todo esse processo demanda no máximo 600 milissegundos por palavra e
também foi constatado que as áreas do cérebro amadurecem em ritmos diferentes,
desde a fase pré-natal.
Assim,
a percepção sensitiva precede as demais e a criança ouve desde o terceiro mês de gestação e reage a sons familiares.
Isto ocorre porque as suas vias nervosas
aferentes amadurecem antes de suas vias nervosas eferentes, ou seja, o bebê recebe muito mais informações
do que pode responder.
Desse
modo, embora o bebê não tenha condições de distinguir os princípios lógicos do
que ele ouve ou sente, muito cedo começa a reagir conforme os estímulos sejam
ou não positivos. Com apenas três dias de vida, o bebê pode diferenciar o rosto
humano de outras figuras circundantes, mas não identifica os traços. Porém,
distingue detalhes da fonação de modo surpreendente: a pesquisadora francesa
Ghieslaine, demonstra como os recém-nascidos diferenciam a mudança de uma
consoante em uma série repetida da mesma sílaba, embora não diferenciem a
constante da sílaba de uma única vez sem repetição de uma delas. Também ele se
reconhece na prosódia paterna e sabe diferenciar o idioma em que habitualmente
se lhe falam e se torna capaz de reconhecer suas próprias imagens no espelho.
Progressivamente
ocorre a diversificação de funções, pois que a evolução da espécie acabou por
criar e multiplicar zonas especializadas e que para funcionar de forma
integrada essas áreas dependem da modelagem que lhe seja impressa nos primeiros
anos após o nascimento.
Daí
a importância da Educação Infantil na estimulação sistemática e progressiva nos
chamados “anos decisivos”, ou seja, de 0 a 6 anos.
Se
o sistema nervoso nasce incompleto e o cérebro apresenta uma imensa
plasticidade neural, são reais as possibilidades do desenvolvimento biopsicossocial
– o fundamento da construção progressiva do Ser Humano – concepção corrente em todas
as áreas do conhecimento.
Como
estas áreas se inter-relacionam? Quais as consequências dos problemas ou da
estimulação do desenvolvimento do cérebro? Até que ponto se influencia a estimulação
do desenvolvimento físico e mental?
São
essas perguntas que atualmente a Neurociência se faz, com técnicas modernas de
imageamento do cérebro e através dos estudos das lesões e perdas neuronais e
suas consequências na fala, na compreensão, no comportamento e na aprendizagem.
Através
de estudos das psicoses, da loucura, de distúrbios apresentados por pacientes
nos hospitais psiquiátricos observou-se que certas áreas não respondiam quando
estimuladas eletricamente – porque se relacionava as dificuldades no
comportamento, na fala, na compreensão, na leitura, nos movimentos, etc.
Então,
cada vez fica mais claro que o cérebro funciona em rede e que os dois
hemisférios se comunicam desde as percepções e ações motoras às sensações
internas e externas e as funções cognitivas (atenção, memória, raciocínio e todas
as operações mentais).
Elas
se integram continuamente nas áreas de interpretação, sejam motoras,
perceptivas ou ideativas e produzem a compreensão do mundo, a aprendizagem de
conceitos, habilidades ou atitudes.
Por
outro lado, as descobertas sobre os neurônios-espelho e neurônios-grade mostram
que este processo se baseia nas percepções viso-auditvo-motoras de tempo e
espaço. Ou seja, a aprendizagem se funda na imitação, na repetição e
na rotina das ações, atitudes,
hábitos e da linguagem ouvida, falada ou lida.
Por
isso, a importância da ação educativa pela imitação, afetividade e a
estimulação visual, auditiva e psicomotora para fortalecer o amadurecimento e
integração das áreas do cérebro. Então, as funções superiores da lógica da
matemática e da linguagem seriam tão importantes nos currículos escolares quanto
às atividades lúdicas e artísticas predominantes no hemisfério direito.
Essa
é a Educação Integral que desde os primeiros anos podem favorecer o amadurecimento
dos neurônios aumentando as sinapses os dendritos e as conexões que se
complexificam quanto mais sejam adequadas e ricas às situações e vivencias psicomotoras
afetivas e sociais.
Daí,
a necessidade da estimulação das áreas do cérebro com atividades integradoras,
envolvendo ritmo, linguagem, música, jogos e todas as formas significativas de
aprendizagem, trabalhando os conhecimentos físicos, lógico-matemática e
sócio-culturais segundo propõe Jean Piaget.
Essa
integração permitirá a criança e ao adolescente a pensar de modo vasto e
complexo desde os anos iniciais de sua vida, ou seja, devemos ensinar-lhes por
relações e não por categorias; por sistemas e não por partes.
É preciso trabalhar desde cedo os processos mentais necessários a percepção das
relações entre atributos e qualidades memorizadas, compreendidas e expressas,
sobretudo pela linguagem – instrumento essencial da aprendizagem.
É importante, pois, que o pensamento sistêmico seja desenvolvido no educando e no
educador, para que se criem as condições para as elaborações mentais de que o
cérebro é capaz e cada vez mais ampliá-las no desenvolvimento das 100 trilhões
de conexões estimadas entre os neurônios do cérebro adulto e que espero ser
exploradas. Quanto mais conexões, mais memória, mais aprendizagem, melhor a
organização das ideias e dos pensamentos.
Nesta
perspectiva, a aprendizagem é a criação dos significados – um processo complexo
de relações onde as experiências são preservadas a partir do significado que o
Homem lhes atribui. A experiência que ocorre em nível do “vivido” é simbolizada
e armazenada por meio da linguagem. (Então, os mecanismos básicos da linguagem
são: 1º) o interesse (ou o motivo):
somente se aprende aquilo que se considera útil na sobrevivência física, social
ou psíquica;
(2º)
a memória – permite a retenção dos
valores atribuídos ao que é experimentado ou aprendido;
(3ª)
generalização e transferência –
permitem interpretar e agir em novas situações com base nos significados e
valores aprendidos e vivenciados.
Focalizando
sua atenção sobre o que sente (o significado), suas relações, causa e
consequências, o individuo pode encontrar novos significados, novos símbolos e
novas formas de expressão. Isto é um exercício de metacognição e de autoconsciência
– a razão de ser do processo de humanização e de transformação do mundo.
Organização de Maria de Lourdes Fioravante
“Há
em todas as coisas visíveis uma fecundidade invisível.
Uma luz tênue, uma humildade anônima, uma plenitude oculta.
Há
em todas as coisas uma inexaurível doçura e pureza, um silêncio que é uma fonte
de ação e de alegria. Uma luz tênue, uma humildade anônima, uma plenitude oculta.
Surge sem palavras, imensamente da mente, de dentro...”
Thomas Merton – Aprender a ver. In Ananda n} 28pag.14.
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Sinapses cada vez mais fortes
Cientistas americanos e alemães desvendaram mais uma faceta molecular da memória de longo prazo.
Em resposta à estimulação contínua,o mecanismo conhecido como fortalecimento de sinapses atinge seu ponto máximo e depois silencia dando lugar a outro só agora revelado.
Em ambos os casos o neurotransmissor envolvido é o glutamato, mas enquanto no primeiro mecanismo receptores de ação rápida (que são canais tônicos) participam do processo, no segundo, receptores de efeito mais lento (conhecidos como metabotrópicos) entram em ação.
Publicada na revista Science, a descoberta tem grande impacto nos estudos sobre consolidação da memória.
Fonte: Revista Mente e Cérebro nº181.pág.25
Parabens pela abordagem do processo de aprendizagem.
ResponderExcluirDaqui de Vitória, ES, vou acompanhando os acontecimentos do mundo, principalmente quando tem representantes de Nova Era, no movimento.
Caro Ismael
ExcluirRecebemos com carinho e ficamos muito felizes com o seu comentário.! Estamos apresentando toda a nossa experiência na educação de qualidade para as nossas crianças e jovens. Queremos mostrar a urgência e necessidade de ensinar a ler e escrever bem o nosso belo idioma,não acha?